LESÕES DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

Lesão no Ligamento cruzado anterior (LCA) é uma das lesões mais comuns no joelho. Anualmente são reconstruídos cerca de 120.000 LCAs nos Estados Unidos da América. Devido ao aumento da prática de atividades esportivas e recreativas pela população mundial e brasileira, existe uma expectativa do número de indivíduos lesionados estar aumentando.

Estudos recentes observaram que a incidência da lesão de LCA em mulheres atletas é 8x maior do que em homens atletas que praticam o mesmo esporte. Póssiveis razões para esse achado são: alterações da força muscular; lassidão ligamentar (maiores nas mulheres); alterações estruturais do joelho feminino (intercondilo mais curto); menor resistência a cargas aplicadas ao joelho.

Associações entre ciclo menstrual em atletas e lesões do lca também foram avaliados, observando maiores lesões durante as fases pre-ovulatória e ovulatória, nas quais ocorrem um pico na produção de estrogênio. Estes achados sugerem que, as lesões de LCA sem contato físico em mulheres atletas, podem estar correlacionadas com flutuações hormonais.

Uma recente meta análise, concluiu que treinamento neuromuscular e fortalecimento muscular podem reduzir de forma consistente, o risco de lesões do LCA em mulheres atletas, principalmente naquelas menores de 18 anos de idade.

Lesões associadas à lesão do LCA, afetam o manejo cirúrgico e os resultados de uma reconstrução ligamentar. Em estudo que avaliou 263 pacientes com lesões do LCA, os que lesaram o ligamento com mecanismo de trauma que envolvia saltos, obtiveram uma taxa significativamente alta de lesões meniscais associadas .

Peso, altura e o IMC (índice de massa corpórea), também são associados à uma taxa de lesões associadas elevadas, e a redução do peso e consequentemente do IMC diminuem o índice de lesões associadas e possuem um melhor resultado pós-operatorio.

Indicações para reconstrução do LCA

A identificação de pctes com Lesões no Ligamento cruzado anterior, pode ser feita com a história do mecanismo de trauma e com exame físico. Comumente pacientes descrevem uma história de desaceleração súbita (com ou sem contato físico) durante manobras no esporte. Geralmente relatam um estalo marcante e audível, associado a dor severa e edema importante do joelho. Manobras no exame físico como pivot shift, gaveta anterior e lachman são realizadas sempre comparando com lado contra-lateral para confirmar o diagnostico.

Na primeira semana de lesão do Ligamento Cruzado Anterior LCA, em geral o joelho permanece com edema importante e o paciente fica com dificuldade para fletir e extender totalmente o joelho, sendo necessário a imobilização do mesmo com imobilizador de joelho. Nesta etapa caso exista dúvida do diagnostico, ou existam sinais de possíveis lesões associadas, pode-se realizar a ressonância nuclear magnética, o edema não atrapalha a realização da mesma.

Em geral após 3 a 4 semanas da lesão inicial, quando o pcte possuir um arco de movimento completo do joelho, deve-se decidir se o mesmo deverá realizar a reconstrução ligamentar ou se será optado pelo tratamento conservador (não cirúrgico).

Em um estudo americano realizado por Noyes e col.

Foram avaliados 103 atletas após 5 anos da lesão inicial dos mesmos. Cerca de 82% dos pctes avaliados retornaram a praticar esporte nos primeiros 6 meses de lesão sem reconstruir o ligamento, porém após um ano 55% sofreram novas lesões no joelho acometido inicialmente, e apenas 35% dos pctes avaliados conseguiram manter a prática esportiva prévia à lesão.

Barrack e col. realizaram um estudo analisando população de aspirantes da marinha americana, observando que 69% dos pctes tratados sem cirurgia evoluíram com novas lesões e incapacidade para retorno às atividades exigidas pela Força naval americana.

Todo caso deve ser analisado individualmente. A decisão para reconstruir ou não o LCA, deve ser tomada analisando não somente a presença de sintomas de instabilidade no joelho, mas também no estilo de vida e no nível de atividade do pcte. Atualmente a idade não é levada em consideração e sim a demanda física do pcte. Observamos hoje, um aumento geral da população de todas as idades, em atividades físicas recreacionais, como caminhadas, corridas, bicicleta entre outras.

Em uma pesquisa realizada por Plancher e col.

Foi observado 97% de bons resultados após reconstrução ligamentar do LCA em pacientes maiores de 40 anos de idade em 4 anos e meio de seguimento.

Pacientes sintomáticos com um estilo de vida mais sedentário e aqueles que estão dispostos a mudar seu estilo de vida, podem ser considerados bons candidatos para o tratamento não cirúrgico, devendo os mesmos a realizarem um intenso programa de reabilitação.

Para retorno à esportes de alta demanda física e que exijam movimentos de parada súbita e de mudança de direções repentinas a reconstrução do LCA é bem indicada, pois existe uma alta taxa de novas lesões em pacientes tratados conservadoramente em que tentam retornar à pratica esportiva, levando estes a um alto potencial de sequelas que incapacitam ao retorno a esportes em alta performance.

Um estudo Noruegues revisou 3475 pctes com lesões do Ligamento Cruzado Anterior LCA, chegando à conclusão que os riscos de novas lesões na cartilagem aumentam 1% a cada mês nos pctes que não realizaram reconstrução de LCA.

Tratamento Cirúrgico

Tratamento cirúrgico é realizado por artroscopia, método no qual são feitas incisões minimamente invasivas no joelho do pcte, soro fisiológico é instalado sob pressão na articulação, e através de uma câmera na qual observamos o joelho por dentro do mesmo podendo desta forma identificar e tratar as lesões previamente identificadas e as lesões eventualmente não visualizadas nos exames de imagem realizados.

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